Curioso na Janela

Quando eu venho para o Brasil geralmente gosto de pedir a janela e de preferência, a janela da primeira fila do avião. Primeiro pelo fato de estar perto da primeira classe e passar pela tentação de pular umas cadeiras e me unir àqueles que pagaram o dobro do que eu paguei. Como já dizia o Alex Castro, nunca perguntariam a nós se realmente pertencemos ali, simplesmente pelo fato de que se realmente pertencemos à primeira classe, eles passariam tanta vergonha que é melhor fingir que esta tudo normal. Segundo porque na janela tem onde encostar a cabeça para dormir e por ser na frente posso esticar a perna e apoiá-la na parede (isso só porque sou pequenina). Há mais conforto com as pernas esticadas. Como não pulo para a primeira classe o jeito é arrumar uma posição dormivel ali mesmo e o fato de ter onde encostar a cabeça e esticar as pernas ajuda bastante.
Há um tempo estava a conversar com um amigo que disse ter outro motivo para se sentar na janela. Um motivo bem pessimista o dele. Marceleza (o apelido do meu amigo) só senta na janela por ser curioso. Ele disse que se acontecer algo com o avião não quer ser avisado. Quer sim ser o avisador. Ao invés de ter que ficar perguntando se o avião esta prestes a explodir (por talvez um incêndio na bobinas) ou colidir (com umas torres parecidas) ele quer ver a morte chegar e ficar falando para os coitados desesperados desavisados da fileira do meio os segundos para a tal morte conjunta. Uma frase bem de curiosa essa. Por um lado, não gosto nem de pensar em coisas do tipo quando estou no avião; por outro lado não gosto de estar desavisada sobre o que esta acontecendo. Não que eu queira sentar no avião e ver tudo, mas também não gosto de ficar na mao, sem saber o que esta acontecendo.
Um aspecto ruim de sentar na janela é quando estamos gripados ou com piriri. É péssimo ter que incomodar alguém para ir ao banheiro toda hora.
Viajar de avião esta cada vez pior. Cada vez menos confortável. As companias aéreas fazem vôos lotados para sair mais barato à viagem e deixa os passageiros como em latas de sardinha. Em vôos longos não conseguimos durmir e chegamos ao destino mais cansados do que deveríamos.